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Cartas ao Mercado

Deterioração do cenário macroeconômico

01/12/2021
Cartas ao Mercado

Deterioração do cenário macroeconômico

01/12/2021

Deterioração do cenário macroeconômico

Com a chegada de dezembro nossas atenções passam a se dividir entre a retrospectiva do ano que se aproxima do seu final e as perspectivas para aquele que está prestes a começar. Conquistas e frustações do ano corrente são mapeadas enquanto especulamos sobre o amanhã.

No ano 2 da pandemia do novo Coronavírus permanecemos sob o impacto das enormes perdas de vidas, sequelas na saúde de muitos e dificuldades financeiras. De outro lado, celebramos as vacinas e as campanhas de vacinação que, mesmo com todas as incertezas em torno das novas variantes, estão sendo fundamentais para a retomada dos encontros sociais e atividades econômicas. No entanto, o que em princípio tinha o potencial para impulsionar o crescimento em 2022 está perdendo o fôlego por conta de
forte deterioração do cenário macroeconômico. Nosso tema da edição de hoje.

A piora no contexto macro pode ser evidenciadas pela evolução das expectativas de mercado coletadas pelo Boletim Focus do Banco Central. Olhando para as principais variáveis listadas na tabela abaixo percebemos que se consolida para 2022 um cenário de estagnação da atividade e combate à inflação. A saída para um desempenho mais promissor continua no lado fiscal, onde existem dificuldades anunciadas em decorrência determos um ano com eleição presidencial. Embora os contornos macroeconômicos pareçam estar mais bem definidos, as mudanças recentes nas expectativas junto com desdobramentos da pandemia mantêm no radar a possibilidade de um cenário ainda mais desafiador para o ano que vem.

Com relação às taxas de juros, apesar do expressivo aumento da Selic até o momento já um consenso de que o ciclo de alta avançará sobre 2022, muito provavelmente acima dos dois dígitos. Já para as taxas de juros das concessões de crédito imobiliário (que em outubro na média foram foi de 7,5% ante a 7,2% no mês anterior), também é de esperar a continuidade do ciclo de aumentos. Após um ano de concessões recordes uma desaceleração já está contratada. Só não sabemos ainda com que intensidade.

Na frente inflacionária, o IPCA rompeu a barreira dos dois dígitos e já é fato que terminaremos o ano acima da meta. Por conta do forte aumento nos juros espera-se que o processo de desinflação ocorra ao longo de 2022, mas não sem dificuldades. Os analistas mais pessimistas já consideram a possibilidade de estouro da meta de inflação no ano que vem também. O IGP-M (21,7% acumulado em 12 meses até outubro/21) continua sua trajetória de queda, assim como o INCC (15,4%), o que, se mantido, estabilizará
de forma gradual a pressão de custos no mercado de lançamentos imobiliários. Vale destacar também o
comportamento do câmbio neste cenário. Após forte depreciação do Real, as expectativas ainda sugerem uma perspectiva de estabilidade. Nessas alturas a manutenção dos patamares atuais nos parece relativamente positiva.

Os efeitos da deterioração nas dinâmicas de inflação e juros já estão impactando negativamente o mercado imobiliário e, ao que tudo indica, eles serão ampliados no próximo ano. Entretanto, uma vez que estamos saindo de um período de grande aceleração, decorrentes de fatores macro e micro, mantemos nossa expectativa de que apesar dos desafios ainda veremos crescimento no setor em 2022. É claro que as incertezas ainda são grandes e ultrapassam o domínio econômico (incluindo a evolução da pandemia e o cenário eleitoral), mas ao comparar a situação atual com o que vivemos nas últimas décadas ainda apostamos na continuidade do ciclo.

Grande abraço,

Danilo Igliori
VP Economista Chefe do ZAP+

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