Lançamento do Programa Acredita deve fomentar crescimento da construção civil e do setor imobiliário no país
Durante o lançamento do Programa Acredita, no Palácio do Planalto, na última semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ressaltou que um dos pilares do pacote de medidas anunciado pelo Governo Federal é fomentar o crescimento da construção civil e do setor imobiliário no Brasil.
Tendo como público-alvo o setor imobiliário e de construção civil, o Acredita criará um mercado secundário de crédito imobiliário mais robusto para potencializar esse setor no Brasil. Essa ação deverá beneficiar especialmente as famílias de classe média que não se qualificam para programas habitacionais populares, mas para quem o financiamento a taxas de mercado é muito caro.
Isso permitirá que os bancos possam aumentar as concessões de crédito imobiliário em taxas acessíveis para a classe média, suprindo a queda da captação da poupança. Ao permitir a securitização, os bancos abrem espaço em seus balanços para liberar novos financiamentos imobiliários.
Abordando a questão de maneira mais ampla, para além da construção civil e do setor imobiliário, Fernando Haddad ressaltou que o Acredita deverá criar condições para que o acesso ao crédito no Brasil possa ser ampliado. Segundo o ministro, isso se constituiu em um fator crucial para o desenvolvimento de qualquer nação.
Para ele, um dos principais diferenciais do Acredita é que o programa engloba uma série de medidas que atenderão as diferentes parcelas da sociedade em torno de um mesmo objetivo: o crescimento econômico.
O presidente do Conselho de Administração da MRV Engenharia, Rubens Menin, esteve presente ao lançamento do Programa Acredita e disse estar otimista com a série de medidas apresentadas, em especial para o setor da construção civil.
“Nós não geramos só desenvolvimento econômico, também desenvolvimento social. O setor está muito confiante, acreditando muito na indústria da construção. Esse programa tem um componente importante, um inimigo comum, que são os juros elevados. Ele pega todos, desde a nossa pequena empreendedora, a média empreendedora, as grandes empresas. É impossível competir com juros do tamanho que eles estão no Brasil. Temos que trabalhar todos juntos para que isso minimize. Esses programas vieram numa hora muito boa, porque esses momentos onde os juros são extremamente elevados penalizam muito as pessoas. E agora elas vão ter um acesso a uma linha de crédito melhor. Então, eu estou otimista”, elogiou.
Inteligência artificial acelera mudanças no mercado imobiliário
A evolução tecnológica dos últimos anos tem transformado o setor imobiliário. Ferramentas alimentadas por inteligência artificial (IA) processam e analisam volumes cada vez maiores de dados, ajudando incorporadores, investidores e compradores na tomada de decisão, seja para identificar oportunidades de negócio, acelerar processos, revolucionar métodos construtivos, dar assertividade a campanhas de marketing ou facilitar a jornada do cliente.
Em São Paulo, a Hypnobox desenvolveu uma solução direcionada a incorporadoras e corretoras especializadas em vendas de imóveis na planta que, baseada em “IA Assist”, tem colaborado para potencializar resultados de clientes como as gigantes Diálogo, Even, Exto, Lavvi e Coelho da Fonseca.
O uso de IA para análise de parâmetros climáticos já é amplamente adotado na agricultura, por exemplo. Agora, essa abordagem chega ao mercado imobiliário. A multinacional Meteum, com sede em Belgrado, na Sérvia, fornece previsões meteorológicas e do clima a diversos países.
A plataforma utiliza IA e “machine learning” para criar análises preventivas e preditivas que auxiliam produtores rurais a desenvolver suas lavouras de maneira eficiente e protegidas de eventos climáticos desfavoráveis.
A construção civil pode ser muito beneficiada pela adoção dessa ferramenta, que fornece dados históricos sobre a qualidade do solo, padrões de precipitação, riscos de inundações e de temperaturas extremas relacionados ao terreno onde as empresas pretendem construir.
Segundo estudo da Meteum, o Brasil tem 1.942 centros populacionais com 8,9 milhões de pessoas residindo em áreas suscetíveis a enchentes e deslizamentos de terra — mais que o dobro do número identificado há 12 anos.
“Tecnologias climáticas com IA podem ajudar os agentes imobiliários a mitigar riscos relacionados a alterações climáticas, sugerindo áreas mais seguras, materiais de construção mais eficientes, posicionamento do empreendimento e dimensionamento de sistemas de energia renovável”, afirma Ganshin.
Cuiabá registra crescimento no primeiro trimestre de 2024
Com expansão de 4,93%, o mercado imobiliário em Cuiabá ampliou o montante faturado nos três primeiros meses de 2024 sobre o mesmo período do ano anterior, totalizando R$1,1 bilhão. A pesquisa foi realizada pelo Secovi-MT e divulgados pela Fecomércio-MT, mostram uma recuperação no montante recolhido na capital, que vinha de queda de 5,17% sobre o mesmo período de 2022.
Ainda assim, o levantamento mostra consecutivas quedas no número de imóveis transacionados para o mesmo trimestre, passando de 2.782 unidades em 2022 para 1.999 neste ano. Somente de 2023 para 2024, a redução foi de 12,55%.
Segundo o responsável técnico pela pesquisa e vice-presidente do Secovi-MT, Guido Grando Junior, o recuo no número de unidades comercializadas, assim como do percentual financiado, de -23,72% sobre o mesmo trimestre de 2023, pode ser reflexo dos impactos negativos da produção agrícola deste ano.
“Muitos agricultores investem em imóveis na capital. A questão climática, provocada pelo El Niño, afetou a produtividade no campo, contribuindo de forma significativa para a redução desses números”.
A combinação desses fatores – aumento no faturamento e diminuição nas vendas –, segundo análise dos representantes do sindicato, se deu em função de investimentos de aquisição de terrenos e imóveis destinados a empreendimentos comerciais e residenciais na cidade.
O estudo de evolução do mercado imobiliário mostra que a maioria dos imóveis vendidos nos três primeiros meses do ano são usados, 2.129 mais precisamente, e apenas 157 novos. Casas e apartamentos lideram em unidades transacionadas, seguido de terrenos.